Após algum tempo afastado estou retornando com as postagens no blog.
Os temas abordados serão especialmente sobre educação, política, reflexões e assuntos diversos da atualidade.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Retomando as postagens
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
VOTOS DE FELIZ NATAL - Frei Betto
Abaixo compartilho o texto de Frei Beto - Votos de Feliz Natal, publicado no site gente de opinião, com data de 23 de dezembro de 2018.
Excelente leitura, muito atual!
Excelente leitura, muito atual!
VOTOS DE FELIZ NATAL
Neste
Natal, quero me despojar de todo visgo consumista e, de presentes, dar e
receber apenas presenças. Haverei de partilhar o pão do espírito e a fome de
beleza. Não permitirei que o sal da amargura roube a alegria da renascença
solidária.
Manterei
mudo o celular para escutar minhas vozes interiores. Pela via da oração,
buscarei intuir o que Deus sussurra ao coração. Livre de amarras virtuais, irei
ao encontro de diálogos reais. E me recusarei a beber a copa de ódio com a qual
brindam os que conhecem apenas um mandamento: armar uns aos outros.
Neste
Natal, não mais admitirei que os conceitos flutuem nos tetos das academias e
que as palavras sejam oxidadas pelo discurso insano de quem invisibiliza seus
semelhantes. Farei com que a verdade seja, de fato, a adequação da inteligência
ao real. E espalharei por toda a cidade as pétalas da rosa dos ventos, para que
perfumem o futuro isento das trevas do passado.
No
bazar das hipotecas, não aceitarei trocar liberdade por segurança. Armarei o
presépio no espaço inconsútil de minha subjetividade e, atento, escutarei o que
o Menino tem a segredar ao ouvido do menino que ainda perdura em mim.
Neste
Natal, quero me despojar de todo visgo consumista e, de presentes, dar e
receber apenas presenças. Haverei de partilhar o pão do espírito e a fome de
beleza. Não permitirei que o sal da amargura roube a alegria da renascença
solidária.
Manterei
mudo o celular para escutar minhas vozes interiores. Pela via da oração,
buscarei intuir o que Deus sussurra ao coração. Livre de amarras virtuais, irei
ao encontro de diálogos reais. E me recusarei a beber a copa de ódio com a qual
brindam os que conhecem apenas um mandamento: armar uns aos outros.
Neste
Natal, não mais admitirei que os conceitos flutuem nos tetos das academias e
que as palavras sejam oxidadas pelo discurso insano de quem invisibiliza seus
semelhantes. Farei com que a verdade seja, de fato, a adequação da inteligência
ao real. E espalharei por toda a cidade as pétalas da rosa dos ventos, para que
perfumem o futuro isento das trevas do passado.
No
bazar das hipotecas, não aceitarei trocar liberdade por segurança. Armarei o
presépio no espaço inconsútil de minha subjetividade e, atento, escutarei o que
o Menino tem a segredar ao ouvido do menino que ainda perdura em mim.
Neste
Natal, não irei às lojas nem prestarei culto ao fetiche da mercadoria. Limparei
toda a neve retórica que se acumula sobre o desassossego dos excluídos, para
que a transparência cale a insolência dos arrogantes. Despedirei Papai Noel
para acolher o Deus criança. E cantarei um bendito a todos que guardam o
pessimismo para dias melhores.
Não
permitirei que a ira e o ressentimento me acerquem da sanha assassina de
Herodes. Seguirei a estrela de Belém até que me conduza à fonte da
bem-aventurança da fome e sede de justiça.
Neste
Natal, descartarei nozes e castanhas para me inebriar de aleluias. E convidarei
à ceia aqueles que a ganância afasta do pão deles de cada dia. E reafirmarei
meu radical ateísmo ao deus que suporta, indiferente, o mundo no qual poucos
têm muito e muitos têm pouco.
Não
darei falsos abraços a quem retorce nós em meus laços. Nem erguerei a minha
taça de vinho àqueles que oferecem cicuta. Festejarei tão somente com quem
trilha comigo as sendas da utopia e acredita que o mundo será melhor quando o
menor acreditar no menor.
Reunirei
músicos que, abraçados às suas violas, haverão de ressignificar a palavra
violência, assim como é prenúncio de paz a paciência. Livrarei a festa de Jesus
desse punhado de gente que, sem sabor de comunhão, recheia de prendas o vazio
do coração.
Neste
Natal, quando o canto do galo despertar outros galos e repletar a aurora de
encantos, dobrarei os joelhos ao mistério da vida e ao dom inestimável da
existência. Recolhido ao mais íntimo de mim mesmo, fecharei os olhos para ver
melhor. E, com certeza, encontrarei o outro que não sou eu e, no entanto, funda
a minha verdadeira identidade.
Pedirei
aos pastores não trazerem ouro, incenso e mirra. O Menino que padece em tantos
meninos esquálidos quer apenas pão e paz. Venham de mãos dadas, prestar-lhe
culto no presépio, as duas filhas da esperança: a indignação, para denunciar
tão injusta realidade, e a coragem, para mudá-la.
Neste
Natal, não enfeitarei falsas árvores com os brilhos intermitentes do cinismo.
Protegerei as que se erguem sobre raízes firmes, fortes, fundas e férteis.
Farei das motosserras enxadas para cultivar os dons da natureza e haverei de
proclamar a soberania dos povos originários.
Não
deixarei que o desalento semeie sombras no horizonte de meus sonhos. Em cada
esquina anunciarei que a esperança viceja onde a cegueira do poder vislumbra
apenas ameaças com seus tentáculos. E cantarei com Maria o magnífico louvor ao
Senhor que despede os abastados com as mãos vazias e sacia de bens os
famintos.
Frei
Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco),
entre
outros livros.
domingo, 8 de setembro de 2019
sábado, 7 de setembro de 2019
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
quarta-feira, 4 de setembro de 2019
segunda-feira, 4 de março de 2019
segunda-feira, 4 de junho de 2018
quinta-feira, 31 de maio de 2018
quinta-feira, 22 de março de 2018
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
Investimentos na Educação ...
O pior é que tem gente que ainda apoia o governo Federal e Estadual com esta política de desmonte da Educação.
sábado, 1 de julho de 2017
quarta-feira, 31 de maio de 2017
sábado, 14 de janeiro de 2017
Reflexões
"A prova permite que eu saiba como estou ensinando não apenas como o aluno está aprendendo,"
Citação de Mário Sérgio Cortella em entrevisa
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
domingo, 11 de setembro de 2016
sábado, 19 de março de 2016
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
domingo, 21 de fevereiro de 2016
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
Pierre Lévy: a revolução digital só está no começo
"É
absurdo imaginar que um instrumento que aumenta os poderes da linguagem em
geral pudesse favorecer somente a verdade, o bem e o belo. É preciso sempre
perguntar: verdadeiro para quem? Belo para quem? Bem para quem? O verdadeiro
vem do diálogo aberto aos diversos pontos de vista. Direi até mais do que isso:
se tentássemos transformar a internet numa máquina de produzir somente a
verdade, o belo e o bem, só chegaríamos a um projeto totalitário, de resto,
sempre fadado ao fracasso."
Em
entrevista, o filósofo da informação Pierre Lévy faz um balanço de pouco mais de três
décadas de web, a teia global, o hipertexto, a navegação na rede ao alcance de
todos.
O desenvolvimento da internet levou mais tempo do que normalmente
se imagina. Com o surgimento da web, há aproximadamente 30 anos, porém,
aconteceu uma explosão. Pode-se dizer que o mundo, de fato, entrou numa nova
era? Há muito ainda para surgir ou esse ciclo, com tudo o que ele comporta, já
bateu no teto?
Pierre Lévy: De qualquer maneira, a internet se expandiu mais rapidamente do que qualquer outro sistema de comunicação na história. No começo dos anos 1990, havia 1% da população mundial conectada. Uma geração depois, já eram 40%. Avançamos rapidamente para 50% e mais… Estamos apenas no começo da revolução do meio do algoritmo. Nas próximas décadas, acompanharemos várias mutações. A computação ubíqua, que já faz parte da nossa paisagem, vai se generalizar fazendo com que a maioria esteja permanentemente conectada. O acesso à análise de grandes quantidades de dados, hoje nas mãos de governos e de grandes empresas, vai se democratizar. Teremos cada vez mais imagens de nosso funcionamento coletivo em tempo real. A educação vai se focar na formação crítica e no tratamento coletivo de dados. A esfera pública será internacional e se organizará por nuvens semânticas nas redes sociais. Os países passarão da forma “Estado-nação" para constelações de Estado, com um território soberano e uma zona desterritorializada na infosfera de conexão total. As criptomoedas, moedas digitais criptografadas, vão se disseminar.
Pierre Lévy: De qualquer maneira, a internet se expandiu mais rapidamente do que qualquer outro sistema de comunicação na história. No começo dos anos 1990, havia 1% da população mundial conectada. Uma geração depois, já eram 40%. Avançamos rapidamente para 50% e mais… Estamos apenas no começo da revolução do meio do algoritmo. Nas próximas décadas, acompanharemos várias mutações. A computação ubíqua, que já faz parte da nossa paisagem, vai se generalizar fazendo com que a maioria esteja permanentemente conectada. O acesso à análise de grandes quantidades de dados, hoje nas mãos de governos e de grandes empresas, vai se democratizar. Teremos cada vez mais imagens de nosso funcionamento coletivo em tempo real. A educação vai se focar na formação crítica e no tratamento coletivo de dados. A esfera pública será internacional e se organizará por nuvens semânticas nas redes sociais. Os países passarão da forma “Estado-nação" para constelações de Estado, com um território soberano e uma zona desterritorializada na infosfera de conexão total. As criptomoedas, moedas digitais criptografadas, vão se disseminar.
Fala-se muito em internet dos
objetos e em internet total. São verdadeiras mutações ou apenas acelerações?
Pierre Lévy: A internet pode ser analisada em dois aspectos conceitualmente distintos, mas praticamente interdependentes e inseparáveis. Por um lado, a infosfera, os dados, os algoritmos, imateriais e ubíquos. São as nuvens. Por outro lado, os receptores, os gadgets, os smartphones, os dispositivos móveis de todos os tipos, os computadores, os data-centers, os robôs, tudo aquilo que é inevitavelmente físico e localizado: os objetos. As nuvens não podem funcionar sem os objetos. Os objetos não podem funcionar sem as nuvens. A internet é a interação constante do localizado e do desterritorializado, a interação dos objetos e das nuvens. Tudo isso pode logicamente ser deduzido da automatização da manipulação do simbólico por meio de sistemas eletrônicos. Sentiremos cada vez mais, de agora em diante, as consequência disso tudo em nossas vidas cotidianas.
Pierre Lévy: A internet pode ser analisada em dois aspectos conceitualmente distintos, mas praticamente interdependentes e inseparáveis. Por um lado, a infosfera, os dados, os algoritmos, imateriais e ubíquos. São as nuvens. Por outro lado, os receptores, os gadgets, os smartphones, os dispositivos móveis de todos os tipos, os computadores, os data-centers, os robôs, tudo aquilo que é inevitavelmente físico e localizado: os objetos. As nuvens não podem funcionar sem os objetos. Os objetos não podem funcionar sem as nuvens. A internet é a interação constante do localizado e do desterritorializado, a interação dos objetos e das nuvens. Tudo isso pode logicamente ser deduzido da automatização da manipulação do simbólico por meio de sistemas eletrônicos. Sentiremos cada vez mais, de agora em diante, as consequência disso tudo em nossas vidas cotidianas.
Depois de 30 anos de grandes
novidades – da web, o famoso www ou a teia – até as redes sociais com seus
milhões de adeptos, qual pode ser a grande mutação dos próximos tempos?
Pierre Lévy: Depois do surgimento da web, na metade dos anos 1990, não houve grande mutação técnica, somente uma profusão de pequenas evoluções e progressos. No plano sociopolítico, o grande salto me parece ser a passagem de uma esfera pública dominada pelos jornais, pelo rádio e pela televisão para uma esfera pública centrada nas “wikis", nos blogs, nas redes sociais e nos sistemas de moderação de conteúdos onde todo mundo pode se exprimir. Isso significa o começo do fim do monopólio intelectual dos jornalistas, dos editores, dos políticos e dos professores. Um novo equilíbrio ainda não foi alcançado, mas o velho sistema dominante está em franca erosão.
Pierre Lévy: Depois do surgimento da web, na metade dos anos 1990, não houve grande mutação técnica, somente uma profusão de pequenas evoluções e progressos. No plano sociopolítico, o grande salto me parece ser a passagem de uma esfera pública dominada pelos jornais, pelo rádio e pela televisão para uma esfera pública centrada nas “wikis", nos blogs, nas redes sociais e nos sistemas de moderação de conteúdos onde todo mundo pode se exprimir. Isso significa o começo do fim do monopólio intelectual dos jornalistas, dos editores, dos políticos e dos professores. Um novo equilíbrio ainda não foi alcançado, mas o velho sistema dominante está em franca erosão.
O senhor fala faz muito tempo
em inteligência coletiva e em coletivos inteligentes. Vê-se, entretanto, que as
redes sociais podem ser utilizadas para o bem e para o mal, por exemplo, para
disseminar ideias radicais e extremistas. Pode-se falar de uma inteligência
coletiva do mal e da internet como um instrumento também a serviço da estupidez
e da barbárie universais?
Pierre Lévy: Falo em inteligência coletiva para enfatizar e estimular o aumento das capacidades cognitivas em geral, sem fazer juízo de valor. Refiro-me ao aumento da memória coletiva, ao crescimento das possibilidades de gestão e de criação de redes e das oportunidades de aprendizagem em sistemas de cooperação, com acesso universal a informações e dados. Acredito que esse aspecto é inegável e que todos os atores intelectuais e sociais responsáveis deveriam utilizar essas novas possibilidades na educação, na gestão do conhecimento, nas empresas e nas deliberações políticas democráticas. É preciso inserir a internet na longa série que passa pela invenção da escrita e do impresso. Trata-se de um considerável ganho na capacidade humana de tratamento das operações simbólicas. O núcleo dessa capacidade, contudo, é a linguagem, que existe desde sempre e não depende de qualquer tecnologia em particular.
Pierre Lévy: Falo em inteligência coletiva para enfatizar e estimular o aumento das capacidades cognitivas em geral, sem fazer juízo de valor. Refiro-me ao aumento da memória coletiva, ao crescimento das possibilidades de gestão e de criação de redes e das oportunidades de aprendizagem em sistemas de cooperação, com acesso universal a informações e dados. Acredito que esse aspecto é inegável e que todos os atores intelectuais e sociais responsáveis deveriam utilizar essas novas possibilidades na educação, na gestão do conhecimento, nas empresas e nas deliberações políticas democráticas. É preciso inserir a internet na longa série que passa pela invenção da escrita e do impresso. Trata-se de um considerável ganho na capacidade humana de tratamento das operações simbólicas. O núcleo dessa capacidade, contudo, é a linguagem, que existe desde sempre e não depende de qualquer tecnologia em particular.
Graças à linguagem
existem a arte, a cultura, a religião, os valores e a complexidade das instituições
econômicas, sociais e políticas. Mas falar de linguagem significa também falar
em mentira e manipulação. Falar em valores significa falar em bem e mal, belo e
feio. É absurdo imaginar que um instrumento que aumenta os poderes da linguagem
em geral pudesse favorecer somente a verdade, o bem e o belo. É preciso sempre
perguntar: verdadeiro para quem? Belo para quem? Bem para quem? O verdadeiro
vem do diálogo aberto aos diversos pontos de vista. Direi até mais do que isso:
se tentássemos transformar a internet numa máquina de produzir somente a
verdade, o belo e o bem, só chegaríamos a um projeto totalitário, de resto,
sempre fadado ao fracasso.
Nas redes sociais, a violência
verbal é enorme. As pessoas insultam-se, ofendem-se e dividem-se, cada vez
mais, em direita e esquerda, bons e maus, os meus e os teus. Há jornalistas que
fecham os seus blogs aos comentários de leitores saturados de posts racistas e
de ameaças de todos os tipos. Essa é ainda uma etapa de aprendizagem dos
recursos de interação disponíveis?
Pierre Lévy: Se alguém me insulta ou me envia coisas chocantes no twitter ou num blog, eu bloqueio e ponto final. Certo é que nunca teremos uma humanidade perfeita. Em contrapartida, o usuário da internet não é um intelectual menor de idade. Ele tem em mãos um grande poder, mas tem também grandes responsabilidades a cumprir. O problema, sobretudo para os professores, consiste em educar esses utilizadores da internet. É preciso ensinar a estabelecer prioridades, a atrair a atenção, a fazer uma escolha justa e uma análise crítica das fontes às quais nos conectamos. Temos de prestar atenção na cultura daqueles com quem nos conectamos e precisamos aprender a identificar as narrativas feitas e as suas contradições. Essa é a nova “digital literacy" (alfabetização digital): tornar-se responsável.
Pierre Lévy: Se alguém me insulta ou me envia coisas chocantes no twitter ou num blog, eu bloqueio e ponto final. Certo é que nunca teremos uma humanidade perfeita. Em contrapartida, o usuário da internet não é um intelectual menor de idade. Ele tem em mãos um grande poder, mas tem também grandes responsabilidades a cumprir. O problema, sobretudo para os professores, consiste em educar esses utilizadores da internet. É preciso ensinar a estabelecer prioridades, a atrair a atenção, a fazer uma escolha justa e uma análise crítica das fontes às quais nos conectamos. Temos de prestar atenção na cultura daqueles com quem nos conectamos e precisamos aprender a identificar as narrativas feitas e as suas contradições. Essa é a nova “digital literacy" (alfabetização digital): tornar-se responsável.
Uma das questões mais
discutidas da internet diz respeito aos direitos de autor e a gratuidade dos
conteúdos na rede. Os internautas tendem a exigir que tudo seja gratuito. Mas a
informação tem um custo. Que vai pagar? Os jornais, cada vez mais, fecham os
seus sites deixando apenas uma parte do que produzem disponível a todos. O
tempo de pegar para consumir conteúdos chegou?
Pierre Lévy: Não é impossível fazer com que os usuários da internet paguem por bons serviços. Além disso, a publicidade e a venda de conteúdos produzidos por utilizadores a empresas de marketing constituem hoje as principais maneiras de “monetizar" os serviços na rede. O direito autoral está claramente em crise no que diz respeito à música e, cada vez mais, para os filmes. Faço questão de destacar os campos da pesquisa e do ensino nos quais os editores aparecem como os principais freios ao compartilhamento de conhecimentos. A remuneração da criação na era dos meios algorítmicos é um problema complexo para o qual eu não tenho resposta simples e válidas em todos os casos.
Pierre Lévy: Não é impossível fazer com que os usuários da internet paguem por bons serviços. Além disso, a publicidade e a venda de conteúdos produzidos por utilizadores a empresas de marketing constituem hoje as principais maneiras de “monetizar" os serviços na rede. O direito autoral está claramente em crise no que diz respeito à música e, cada vez mais, para os filmes. Faço questão de destacar os campos da pesquisa e do ensino nos quais os editores aparecem como os principais freios ao compartilhamento de conhecimentos. A remuneração da criação na era dos meios algorítmicos é um problema complexo para o qual eu não tenho resposta simples e válidas em todos os casos.
O senhor tem falado também em
democracia virtual. Já é possível falar em avanço rumo a uma nova era
democrática?
Pierre Lévy: Sim, na medida em que é possível ter acesso a fontes de informação muito mais diversificadas que no passado e na medida também em que todos podem se exprimir para um vasto público. Enfim, porque é muito mais fácil para os cidadãos colocarem-se em contato com vistas à organização, à deliberação, à discussão e à ação. Essa “democracia virtual" pode ter uma base local, como em certos projetos de “cidades inteligentes", mas há também uma desterritorialização ou uma internacionalização da esfera pública. É possível, por exemplo, acompanhar, em tempo real, a vida política de inúmeros países e de seguir pontos de vista de pessoas, sobre assuntos que nos interessem, no planeta inteiro. Não podemos esquecer as campanhas políticas que utilizam as tecnologias de análise de dados e dos perfis de marketing, assim como o monitoramento, ou até a manipulação, da opinião pública mundial nas redes sociais pelas agências de inteligência e de informação (de todos os países).
Pierre Lévy: Sim, na medida em que é possível ter acesso a fontes de informação muito mais diversificadas que no passado e na medida também em que todos podem se exprimir para um vasto público. Enfim, porque é muito mais fácil para os cidadãos colocarem-se em contato com vistas à organização, à deliberação, à discussão e à ação. Essa “democracia virtual" pode ter uma base local, como em certos projetos de “cidades inteligentes", mas há também uma desterritorialização ou uma internacionalização da esfera pública. É possível, por exemplo, acompanhar, em tempo real, a vida política de inúmeros países e de seguir pontos de vista de pessoas, sobre assuntos que nos interessem, no planeta inteiro. Não podemos esquecer as campanhas políticas que utilizam as tecnologias de análise de dados e dos perfis de marketing, assim como o monitoramento, ou até a manipulação, da opinião pública mundial nas redes sociais pelas agências de inteligência e de informação (de todos os países).
A internet já mudou a nossa
maneira de pensar, de ler e de organizar a nossa construção mental do saber?
Pierre Lévy: Isso é inegável. O acesso imediato a dicionários, enciclopédias, entre as quais a Wikipédia, livros (gratuitos ou pagos), vídeos educativos e outros dispositivos colocou à disposição de todos o equivalente a imensas bibliotecas. Além disso, podemos ser assinantes de incontáveis sites especializados e contatar redes de pessoas interessadas nos mesmos assuntos para construir saberes de modo colaborativo. O desenvolvimento de novos tipos de rede de colaboração na pesquisa ou na educação (os famosos MOOC – Curso Online Aberto e Massivo, “Massive Open Online Course") são a prova clara e definitiva disso que estou sustentando nesta resposta.
Pierre Lévy: Isso é inegável. O acesso imediato a dicionários, enciclopédias, entre as quais a Wikipédia, livros (gratuitos ou pagos), vídeos educativos e outros dispositivos colocou à disposição de todos o equivalente a imensas bibliotecas. Além disso, podemos ser assinantes de incontáveis sites especializados e contatar redes de pessoas interessadas nos mesmos assuntos para construir saberes de modo colaborativo. O desenvolvimento de novos tipos de rede de colaboração na pesquisa ou na educação (os famosos MOOC – Curso Online Aberto e Massivo, “Massive Open Online Course") são a prova clara e definitiva disso que estou sustentando nesta resposta.
Tem uma canção brasileira
famosa que diz, “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais". Depois
da internet, somos os mesmos e vivemos como nossos pais ou nos separamos deles?
Pierre Lévy: Continuamos seres humanos encarnados e mortais, felizes e infelizes. A condição humana fundamental não muda. O que muda é a nossa cultura material e intelectual. O nosso potencial de comunicação multiplicou-se e distribuiu-se no conjunto da sociedade. A percepção do mundo que nos cerca aumentou e tornou-se mais precisa. A nossa memória cresceu. A nossa capacidade de análise de situações complexas a partir de massas de dados vão, em breve, transformar a nossa relação com o meio ambiente biológico e social. Graças à quantidade de dados disponíveis e ao crescimento de nosso poder de cálculo, vamos provavelmente experimentar no século XXI uma revolução das ciências humanas comparável à revolução da ciências naturais no século XVII. Nós somos sempre os mesmos, mas mudamos.
Pierre Lévy: Continuamos seres humanos encarnados e mortais, felizes e infelizes. A condição humana fundamental não muda. O que muda é a nossa cultura material e intelectual. O nosso potencial de comunicação multiplicou-se e distribuiu-se no conjunto da sociedade. A percepção do mundo que nos cerca aumentou e tornou-se mais precisa. A nossa memória cresceu. A nossa capacidade de análise de situações complexas a partir de massas de dados vão, em breve, transformar a nossa relação com o meio ambiente biológico e social. Graças à quantidade de dados disponíveis e ao crescimento de nosso poder de cálculo, vamos provavelmente experimentar no século XXI uma revolução das ciências humanas comparável à revolução da ciências naturais no século XVII. Nós somos sempre os mesmos, mas mudamos.
Fonte - Fronteiras do Pensamento
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Sociólogo diz que sociedade está ‘enfeitiçada’ pela mídia: ‘Só as versões são realidade’
Laymert: “Edward Snowden e Julian Assange entenderam que o poder está na informação que está oculta” | Foto: (Wilson Dias/Agência Brasil) |
Em debate realizado pelo
Fórum 21 nesta quinta-feira (12), na série “Seminários para o Avanço Social”, o
sociólogo Laymert Garcia dos Santos, da Unicamp, e doutor em Ciências da
Informação pela Universidade de Paris VII, afirmou que a realidade atual, com o
monopólio da informação pela mídia tradicional, é “desesperadora”. Para ele, a
sociedade está “enfeitiçada” pela manipulação. “Só as versões se tornam
realidade, ao ponto de as pessoas não saberem mais o que é real e o que não é.”
Segundo Laymert, exemplo
esclarecedor a respeito é a operação midiática de transformar a presidenta
Dilma Rousseff no objeto de ataques sistemáticos e culpada de tudo o que de
ruim acontece ou pode acontecer no país. A operação, lembra, começou na Copa do
Mundo de 2014. “Trinta ou quarenta mil pessoas na Avenida Paulista
(manifestação da esquerda em 13 de março de 2015) debaixo de chuva não é
notícia. Porque para os meios de comunicação é preciso manter no ar a ideia do
golpe. É preciso manter no ar permanentemente alguma coisa.”
O sociólogo lembra que o
início da deslegitimação de Dilma, na Copa, partiu do camarote do Banco Itaú no
estádio, onde estava a colunista Sonia Racy. “Não foi à toa que foi escolhido
esse local.” Na ocasião da abertura da Copa, no Itaquerão, em São Paulo, o
blogueiro Luiz Carlos Azenha registrou em seu blog: “Uma importante colunista
social do Estadão, sentada no camarote do Banco Itaú, gritou a plenos pulmões –
aparentemente entusiasmada – ‘Ei, Dilma, VTNC’”.
Diante da sistemática
ofensiva do oligopólio de comunicação, “não existe mais” cobertura
(jornalística), no sentido de processar informações reais. “A mídia é parte
ativa na criação de versões e ficções sobre o que acontece. O que é de fato
real soçobra.”
Entre os veículos de
comunicação que fazem parte da campanha contra o governo petista de Dilma
Rousseff, Laymert considera a Folha de S. Paulo o mais sofisticado e eficiente
na construção do discurso da negatividade. “A Folha é a mais elaborada, porque
eles estão há mais de 30 anos elaborando o discurso do ressentimento. Sempre,
em qualquer momento em que há uma positividade, o discurso é negativo. Se a
notícia é boa, existe o recurso: ‘mas…’”
A operação que se
desenvolveu nos últimos meses para proteger o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que poderia ser o condutor do impeachment
desejado pela direita do país, para o sociólogo, é absurda. “Ele (Cunha) está
apodrecendo todos os dias e não cai. Como é possível construir essas redes de
proteção? Os ladrões estão gritando ‘pega ladrão’ para quem não é ladrão.”
O grande problema, para
Laymert, é que “o outro lado não consiga responder”. Segundo a análise,
“estamos vivendo um fenômeno complicado para o qual a esquerda não tem
respostas”. Ele diz que desde os anos 1980 observa a dificuldade da esquerda em
compreender a questão midiática. Um dos principais erros de líderes petistas
foi acreditar que, quando o PT chegasse ao poder, haveria uma “troca de sinal”
e os meios de comunicação passariam a ser mais benevolentes com os esquerdistas.
Mas o que se viu foi o contrário. “Uma vez no poder, a esquerda tem uma atitude
ao mesmo tempo de submissão e fascínio pelos meios de comunicação.”
Snowden e Assange
Laymert acredita que nem
mesmo setores da mídia de esquerda, como os chamados “blogueiros sujos”,
entendem o processo midiático atual. “Os ‘blogueiros sujos’ não entendem,
embora estejam mais perto de entender, que a política hoje não é mais a
política, mas a tecnopolítica. Quem entendeu isso foram homens como Julian
Assange (do Wikileaks) e Edward Snowden”, disse o professor da Unicamp.
Ex-funcionário da agência de inteligência americana, a NSA, Snowden tornou
público que o governo dos Estados Unidos opera um sistema de vigilância que
abrange cidadãos e governos em todos os lugares do mundo que lhe interessem.
“Há uma dimensão
totalitária quanto à linguagem e a instrumentalização da linguagem política.
Não vejo como a esquerda possa reagir diante dessa ofensiva totalitária da
mídia”, diz Laymert. “Snowden e Assange entenderam que o poder está na
informação. Mais do que isso, entenderam que, ao contrário do Facebook, que
fornece mais do mesmo e satisfaz o narcisismo das pessoas, o que importa é a
informação que não se vê, que está oculta. No mundo atual, a informação real é
a que não é exposta.”
O último debate da série
promovida pelo Fórum 21 será realizado nesta sexta-feira (13), às 9h, na
Assembleia Legislativa, com o tema “Impeachment e golpe”, com a participação do
ex-candidato ao governo de São Paulo pelo Psol, em 2014, Gilberto Maringoni.
Fonte: Sul21
domingo, 20 de dezembro de 2015
Formatura EM na Santo Antônio
Turma 301
Ontem a noite tivemos a formatura da turma do 3º Ano do Ensino Médio Politécnico da Escola Estadual de Ensino Médio Santo Antônio, aqui de Lajeado.
Familiares, direção e professores da escola e os formandos, realizaram simples, mas muito significativa homenagem aos formandos e formandas de 2015.
Parabéns aos(às) formandas e felicidade a todos e todas!
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Reflexão
Fato.
Ninguém fica indignado com a infinidade de bolsas, que beneficiam parlamentares, juízes, senadores.Odeiam todo e qualquer tipo de benefício que alcance pobres.
Ninguém fica indignado com a infinidade de bolsas, que beneficiam parlamentares, juízes, senadores.Odeiam todo e qualquer tipo de benefício que alcance pobres.
Fonte: Silvana Silva
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Reflexão
Fonte: politicaeimagens
Ariano Suassuna (1927 - 2014) dramaturgo e poeta brasileiro, ocupa desde 1990 a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras. Fonte: pensador
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
terça-feira, 10 de novembro de 2015
terça-feira, 3 de novembro de 2015
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Seminário Integrado
"... a iniciação científica é uma oportunidade para o aluno obter muito mais que prêmios e reconhecimento (esses são apenas meios de incentivo): é a oportunidade para o desenvolvimento de habilidades que lhe propiciarão mais espaço na sociedade."
(Fábio Ribeiro Mendes, INICIAÇÃO CIENTÍFICA PARA JOVENS PESQUISADORES, p. 13)
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
Dia do Professor
Na data em que comemoramos o "Dia
do Professor" não temos como deixar de compartilhar as palavras sábias de
um de nossos maiores educadores populares deste país, Paulo Reglus Neves
Freire.
Parabéns
a todas e todos nós!
Paulo Reglus Neves Freire é considerado um dos pensadores mais
notáveis na história da Pedagogia mundial,[1]
tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação
Brasileira.
Sua prática didática fundamentava-se
na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma
prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada
educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria
educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente
construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria
o rumo do seu aprendizado. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a
escolarização como para a formação da consciência
política.
Autor de Pedagogia do Oprimido, livro que propõe
um método de alfabetização dialético, se diferenciou do
"vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre
defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo
de ser realmente democrático.
Foi o brasileiro mais homenageado da
história: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades
como Harvard,
Cambridge e Oxford. Em 13 de abril de 2012 foi
sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação
Brasileira.[5]
Fonte:
Wikipédia
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Utilização de Jogos online nas Aulas
O site Escola
Digital nos
apresenta um bom número de jogos pedagógicos online para utilização na Sala
Digital. Apresenta um espaço de:
- Apoio aos professores,
- Apresentações multimídia,
- Arquivos de áudio,
- Vídeos,
- Games,
- Animações,
- Livro digital,
- Infográficos,
- Mapas,
- Aulas digitais,
- Simuladores etc.
Atividades educativas separadas
por Disciplina, por Tema Curricular, por Anos/Séries e Tipo de Mídia.
O que é a Escola Digital
"Escola Digital é uma plataforma de busca de recursos
digitais voltada para educadores, redes de ensino, alunos e familiares. Aqui
você encontra materiais de qualidade que vão enriquecer e dinamizar suas aulas
e estudos."
Como a plataforma está organizada
"A plataforma funciona como um amplo repositório,
organizado com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais. São vídeos, games,
animações, vídeo aulas, infográficos e mapas, entre outros.
Os mais de 4500 Objetos Digitais de Aprendizagem (ODAs) são categorizados
por série, disciplina, tema, tipo de mídia, idioma, nível de acessibilidade
para pessoas com deficiência, versão on-line e off-line, licença de uso, entre
outras especificidades.
O site também indica recursos digitais capazes de apoiar a criação de novos
objetos de aprendizagem, o trabalho com temas transversais e a realização de
projetos na comunidade, entre outras possibilidades educativas."
O que faz a Escola Digital
"Iniciativa do Instituto Inspirare, Instituto Natura e Fundação
Telefônica Vivo, foi construída com a colaboração do Instituto Educadigital, da
TIC Educa e da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo."
O que esperamos da Escola Digital
"A
expectativa é que mais e mais redes públicas de ensino adotem a plataforma como
apoio para suas práticas pedagógicas, promovendo o uso qualificado das
tecnologias com objetivo de melhorar a educação em todo o país."
Vale dar uma conferida no site e nas múltiplas possibilidades de
atividades educativas que podem nos auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem.
Bom trabalho a todos e a todas!
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